Apps em Boardgames - Bom ou Ruim?
- Metelo
- 13 de jan. de 2019
- 3 min de leitura
Uma das maiores tendências no mundo de boardgames é o uso de Apps que faz a gerência, controlam e ajudam o fluxo de jogo de um boardgame.

Claro que existem diferentes níveis de integração das apps com os jogos que elas se integram. Algumas apenas ajudam na contagem final de pontos - 7 Wonders Scoring Sheet por exemplo. Outras apenas funcionam como um Timer no jogo - Magic Maze pode usar qualquer App de Cronômetro. Em casos de maior integração as Apps ajudam a acelerar passos dentro do jogo sem serem mandatórias para jogar - Alchemists, que funciona sem a App, mas realmente é muito difícil jogar sem. Nos casos mais extremos, as Apps são imprescindíveis para que o jogo possa ser desfrutado - Mansion of Madness Segunda Edição, XCOM.
Em 2018 houve um crescimento enorme de jogos lançados e/ou anunciados que vão, obrigatóriamente, requerer uma companion App para podermos jogá-los. Uma pesquisa rápida no BGG indica mais de 100 jogos que requerem a App. E muitos deles são jogos de designers e editoras de altíssima visibilidade na indústria.
Claro, que como tudo na vida, o uso de Apps nos jogos tem grande vantagens, mas também traz grandes problemas.
Prós:
Novos métodos de game design. Com auxílio de um computador, e possível criar novas mecânicas mais complexas que fariam o jogo muito complexo se controlada por um um humano. Alchemists é o primeiro jogo que utiliza árvores de decisão tão complexas que são extremamente difíceis de uma pessoa gerenciá-las sem a APP.
Uso de Virtual Reality e Augmented Reality. Com o uso de VR e AR a experiência em um jogo pode aprimorada de formas ainda não imagináveis. Por exemplo, em Detective, VR é usado para permitir os jogadores procurarem pista na cena do crime que eles estão investigando.
.Facilitar a contabilidade dentro do jogo. É fácil programar uma APP para manter atualizados modificadores, pontos de vitórias, recursos, ou qualquer outra estatística relevante para o jogo que deve ser mantida. Um benefício desse tipo de APP é que ela não inviabiliza o jogo caso a mesma não esteja disponível - exceto para jogos com mecânicas propositalmente complexas demais para contabilizar manualmente.
Cons:
Longevidade reduzida. Com o envelhecer do jogo, fica cada vez mais difícil encontrar um dispositivo compatível com a App. QUem já tentou jogar o Karateka dos Apples II em um PC 386?
Custo adicional. Nem todas as apps estão disponíveis para todas as plataformas. Sempre existe a probabilidade de o jogo requerer a compra de um dispositivo novo para rodar a app, aumentando mais ainda o custo.
Perda de portabilidade. Infelizmente para sessões longas, a bateria do dispositivo não será o suficiente, e será necessário bateria portáteis, tomadas ou dispositivos extras para lidar com a questão do tempo que a bateria de um dispositivo dura rodando as Apps versus a duração da sessão.
Realmente ainda é muito cedo para determinar se os Prós ou os Cons vão se provar mais relevantes. Contudo o que não falta são opiniões sobre o uso de Companion Apps com jogos de tabuleiros. E fácil defender um lado ou o outro no debate sobre o uso de Apps completamente integradas aos jogos. Pessoalmente, eu acredito que o risco com a longevidade do jogo é um problema sério o bastante que torna os Prós de uma relevância desprezível no longo prazo. Imagine um jogo que requer uma versão específica de um sistema operacional para rodar. Em 10 anos essa versão estará obsoleta, e muito provavelmente a APP não rodará na versão atual do sistema. E essa incompatibilidade fará impossível jogar o seu boardgame. Portanto, APPs que ajudam com a administração de uma partida são muito úteis, mas APPs que são mandatórias para podermos jogar uma partida são um risco muito grande considerando o histórico de compatibilidade e atualizações de dispositivos portáteis.
Se você não acha isso um problema sério, tente achar um Video Cassette VHS para jogar o Star Trek: The Next Generation – Interactive VCR Board Game – A Klingon Challenge. Lembre-se que esse jogo não e nem tão velho assim (1993). Contudo, minhas filhas (5 e 7 anos) não fazem a menor ideia o que é um Video Cassette VHS.

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